Nos últimos tempos ouvimos falar das profissões do futuro, aliás diz-se que a maioria das nossas crianças quando chegarem à idade adulta terão profissões que no dia de hoje ainda não existem.
Sinceramente, com o desenvolvimento da inteligência artificial acredito que estas mudanças vão ocorrer mais depressa do que alguma vez pensámos, e que muitas profissões podem mesmo desaparecer (nada de novo, é a evolução).
À uns dias em conversa com uma professora, ela dizia que os miúdos chegam ao secundário ainda com uma visão muito reduzida de todas as possibilidades que têm pela frente, e desconhecem que há muito mais do que o óbvio. E que muitos acabam o secundário sem um plano para o seu futuro, sem saberem o que querem fazer.
Os meus miúdos ainda estão longe destas decisões importantes, mas já falam sobre o que querem ser quando forem grandes.
O R. quer ser jogador de futebol, e como plano B, cientista, sim porque é sempre bom ter um plano B.
Já a C. diz que quer fazer o bem aos outros, então decidiu que quer ser médica. Mas como plano B, também pode ser veterinária, cabeleireira, professora, quer é fazer o bem, não importa a quem!!
Eu diria que o importante é ir planeando, com a clareza possível, claro!!
"Março, Marçagão, manhã de Inverno, tarde de Verão"
Sabedoria popular à parte, a verdade é que estes primeiros dias de março têm feito jus ao ditado e as tardes primaveris têm dito: PRESENTE!!!, o que nos deixa bem dispostos, e com vontade de estar fora de casa.
E se é verdade que eu sou uma mãe que gosta de proporcionar aos filhos atividades de lazer fora de casa, é também verdade que por vezes sabe muito bem ficar por casa, sem compromissos e sem correrias.
Mas isso nem sempre é consensual, pelo menos no que diz respeito às minhas crianças.
No sábado passado acabamos por ficar em casa o dia todo, não saímos para nada, e já de noite a pequena C. vem ter comigo com um ar muito chateado e diz:
- Mamã, hoje não me levaste à rua e já está de noite; perdemos um dia inteirinho em casa e nem tirei o pijama.
Realmente, uma tarde primaveril "perdia" em casa não há quem mereça, mas a verdade é que me soube tão, mas tão bem!!
Em dia de jogo do Benfica, podia vir aqui escrever sobre isso, só que não, essa não é bem a minha cor, percebem, apesar de hoje querer que ganhe o Benfica, porque os rapazes lá de casa, teimam que essa seja a sua cor (lá em casa só se salvam mesmo as meninas ) e também porque em dias de jogo com equipas estrangeiras, torço sempre pelas equipas portuguesas, claro!!
Mas hoje, quando vinha a caminho do trabalho, vinha a ouvir a rádio onde falavam sobre isso e lembrei-me do dia em que o meu R. jogou contra o Benfica, um jogo amigável antes do início desta época.
O R. este ano passou para a equipa de Benjamins, o que implica ser federado e ter jogos oficiais, mas antes do início do campeonato tiveram alguns jogos amigáveis entre eles com o Benfica. Quando os treinadores deram a boa nova os miúdos ficaram loucos... mas mesmo loucos (só falavam disso), o Rodrigo foi logo ligar ao avô de tão feliz que estava e convocou toda a gente para ir assistir.
Mas indo ao início, o R. entrou à menos de um ano para a equipa de futsal, depois de nos ter pedido para ir para o futebol, mas eu armada em mãe cautelosa (com medo do frio e da chuva que ele poderia apanhar nos treinos e nos jogos, e nós também ao assistirmos) perguntei-lhe se ele não preferia experimentar o futsal, e assim foi, experimentou, gostou e entrou na equipa de futsal.
Ao longo destes meses já teve alguns jogos, mas acho que o que o deixou mais entusiasmado foi mesmo o jogo com o Benfica (esse sim o grande jogo da vida dele... até à data, claro) e não com medo de perder, pois ele não estava nada preocupado com isso, pois ele queria era jogar com o Benfica e nesse dia ganhasse quem ganhasse ele viria feliz para casa. Quando entrou em campo estava tão feliz, tão feliz!! Já eu estava feliz por ele, claro, mas tão nervosa, tão nervosa, aliás como fico sempre durante o tempo que ele está em campo a jogar e só penso "quando é que ele sai dali, quando é que ele sai dali" não sei explicar, eu sei que ele gosta daquilo mas eu fico com um aperto no peito, é mesmo coisas de mãe!!
Quanto ao jogo com o Benfica, a equipa do R. jogou muito bem, mas acabou por perder, também não se pode ganhar sempre, não é verdade?! E já que é para perder que seja com o Benfica.
Comer sopa faz bem, é um facto e é unânime, mas não gostar de sopa é também um facto, e algo unânime junto da maltinha mais pequena, é ou não é?
Lá por casa, comer sopa é uma realidade diária, mesmo apesar do desagrado da criançada, a sopa é a entrada "obrigatória" na nossa mesa, herdei isso da minha mãe, e agora sou eu que incuto essa prática na alimentação dos meus filhos.
Mesmo apesar dos seus comentários diários, isso não me demove:
"Outra vez sopa!"
"O que é o jantar? Sopa é de certeza!"
"Mas porquê?! Por que é que temos que comer sempre sopa!!"
"Mamã... hoje posso não comer sopa?"
"Sopa, sopa, sopa."
Esta semana, na escola do R. e da C., estão a assinalar a semana da alimentação saudável, com atividades lúdicas, que promovem os bons hábitos alimentares, até tiveram direito à visita dos inspetores do lanche, o R. quando os viu até escondeu um pão de leite dentro da mochila não fosse tal iguaria ser apreendida!!
Para fechar a semana, a escola hoje organiza um encontro gastronómico com as famílias, e adivinhem o que é a iguaria... SOPA... ou não fosse ser o encontro das sopas.
Quando recebi o convite e disse aos miúdos que iríamos lá jantar eles questionaram logo:
"Mas vai ser uma festa com sopas? Só comemos sopa?"
Esta é "a" pergunta que se coloca neste momento, não é?
Isto não está fácil minha gente, primeiro veio a pandemia (já lá vão 2 anos), agora parece que o COVID deixou de ter tanta importância, mas não pelos melhores motivos, muito pelo contrário, agora a pandemia foi substituída pela guerra, e se a pandemia era difícil de explicar às nossas crianças o que diremos da guerra?
Se até para nós é difícil de acreditar no que estamos a viver o que diremos dos mais pequenos?
Desde que tudo isto começou tento resguardar os meus filhotes, mas se da C. até tem sido fácil, do meu R., já com 8 anitos é impossível, pois ele sabe tudo.... quase tudo!!! E não é por ver televisão (pois não vejo a frente deles o que quer que seja que se relacione com este conflito), mas sim, pelo que ouve aqui e ali, ao segundo dia de guerra na Ucrânia, íamos no carro e derrepente o R. diz "a avó da A. não tem medo da Guerra" e continua "ela vive na Ucrânia e disse à A. que não tinha medo"... olhei para o meu marido que ia a conduzir, olhei de seguida para o R. que ia sentado no banco de trás e perguntei-lhe o que sabia ele sobre a guerra, ele respondeu aquilo que se sabia nessa altura... que havia guerra na Ucrânia, que tinha sido a Rússia a atacar e que as pessoas da Ucrânia estavam a começar a fugir... mas que a avó da A. não tinha medo, e que ia ficar na lá... nesse momento os meus olhos enchem-se de lágrimas, calei-me por uns segundos e perguntei-lhe se queria fazer alguma pergunta sobre a guerra... e ele quis!!
Falámos sobre isso nesse dia e temos falado sempre que ele quer, quando quer, quando questiona... mas como falar sobre isto com as crianças? Como podem eles controlar as suas emoções, se até para nós adultos está a ser difícil!?!
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