"Março, Marçagão, manhã de Inverno, tarde de Verão"
Sabedoria popular à parte, a verdade é que estes primeiros dias de março têm feito jus ao ditado e as tardes primaveris têm dito: PRESENTE!!!, o que nos deixa bem dispostos, e com vontade de estar fora de casa.
E se é verdade que eu sou uma mãe que gosta de proporcionar aos filhos atividades de lazer fora de casa, é também verdade que por vezes sabe muito bem ficar por casa, sem compromissos e sem correrias.
Mas isso nem sempre é consensual, pelo menos no que diz respeito às minhas crianças.
No sábado passado acabamos por ficar em casa o dia todo, não saímos para nada, e já de noite a pequena C. vem ter comigo com um ar muito chateado e diz:
- Mamã, hoje não me levaste à rua e já está de noite; perdemos um dia inteirinho em casa e nem tirei o pijama.
Realmente, uma tarde primaveril "perdia" em casa não há quem mereça, mas a verdade é que me soube tão, mas tão bem!!
Comer sopa faz bem, é um facto e é unânime, mas não gostar de sopa é também um facto, e algo unânime junto da maltinha mais pequena, é ou não é?
Lá por casa, comer sopa é uma realidade diária, mesmo apesar do desagrado da criançada, a sopa é a entrada "obrigatória" na nossa mesa, herdei isso da minha mãe, e agora sou eu que incuto essa prática na alimentação dos meus filhos.
Mesmo apesar dos seus comentários diários, isso não me demove:
"Outra vez sopa!"
"O que é o jantar? Sopa é de certeza!"
"Mas porquê?! Por que é que temos que comer sempre sopa!!"
"Mamã... hoje posso não comer sopa?"
"Sopa, sopa, sopa."
Esta semana, na escola do R. e da C., estão a assinalar a semana da alimentação saudável, com atividades lúdicas, que promovem os bons hábitos alimentares, até tiveram direito à visita dos inspetores do lanche, o R. quando os viu até escondeu um pão de leite dentro da mochila não fosse tal iguaria ser apreendida!!
Para fechar a semana, a escola hoje organiza um encontro gastronómico com as famílias, e adivinhem o que é a iguaria... SOPA... ou não fosse ser o encontro das sopas.
Quando recebi o convite e disse aos miúdos que iríamos lá jantar eles questionaram logo:
"Mas vai ser uma festa com sopas? Só comemos sopa?"
Novembro cá por casa é sinónimo de presentes, decoração, bolos de aniversário, tchram... ou não fosse o mês em que os meus pequenos fazem anos... os dois bem pertinho um do outro... (até era para ser no mesmo dia, segundo os especialistas) mas a C. decidiu antecipar a coisa e nasceu uns dias antes do previsto... afinal quem é que manda!!!
A C. já fez os 4 anitos e este ano a temática escolhida por ela foi as princesas da Disney.... (já agora, deixo aqui o meu agradecimento ao mundo digital, que é muito útil para estas coisas!!!!) A mamã preparou tudo com muito amor, e valeu a pena, pois quando chegou a casa ela A-DO-ROOO... com muito rosa que é o que ela quer, vestido à princesa e coroa a condizer... enfim uma verdadeira princesa!!!
Mas a parte mais engraçada foi o presente, quem escolheu foi o R., se a mana quer uma festa de princesas nada melhor que oferecer um castelo de princesas para ela brincar. Nesse dia acordou cedíssimo e excitadíssimo para ser ele a dar o presente à irmã, mas quando a C. acorda e ele lhe dá o presente, a conversa entre eles é esta:
C.: Obrigada mano (e vai a correr para o sofá, sem o presente, que ficou no mesmo sitio onde já estava);
R.: (incrédulo) Mas tu não vais abrir, tens que abrir para ver o que é!
C.: Oh mano não sabes que primeiro temos que comer o bolo?!
R.: Ohhh C. mas o bolo é só logo à noite.
C.: Primeiro é o bolo, já disse!
É assim... quem disse que eles não sabem o que querem....
Já duas décadas passaram mas ainda me recordo da Expo 98 como se tivesse sido hoje. Foi um evento histórico, que trouxe muitas pessoas até à zona oriental de Lisboa, que até à data seria uma das zonas mais abandonadas e degradadas da cidade, hoje em dia é uma das mais nobres da capital.
Recordo-me que fui duas vezes, uma pela escola e outra com os meus pais, irmão e uns tios que vieram de longe só para ver aquele que, na minha opinião, foi o maior evento organizado em Portugal até à data.
Lembro-me de tentarmos ir ao maior número de pavilhões possível mas de encontrarmos filas enormes à entrada da maioria deles, da diversidade cultural que encontrávamos por lá, de ver coisas que nunca tinha visto e que nem imaginava existirem.
Lembro-me de ir pela primeira vez no teleférico, de subir da Torre Vasco da Gama, dos vulcões de água prestes a explodir. Lembro-me de estar horas à espera do fogo de artificio que encerrava o dia... na verdade era brutal e valia bem o tempo de espera.
Foi sem dúvida uma boa experiência, e vocês foram e do que se lembram?
Ontem começou oficialmente o Verão (sim porque na prática o Verão este ano começou bem cedo e logo a "matar") e dei por mim a pensar em como era o Verão na minha infância... 3 meses de férias repartido por Lisboa e pela terra dos meus pais, uma terra no interior onde o Verão se faz sentir sempre com temperaturas bem elevadas mas onde o Verão tem outro sabor.
Desde muito pequena que comecei a ficar uma temporada das férias grandes em casa dos meus avós, e era lá que me sentia verdadeiramente livre.
Uma liberdade que não sabia explicar, mas que agora sei que estava em pequenas coisas, como nos passeios de bicicleta que eu e a minha prima fazíamos religiosamente todos os fins de tarde.
Uma liberdade que se "perde" quando crescemos e assumimos certas responsabilidades que não nos deixam alheios às preocupações diárias que teimam aparecer mesmo quando estamos de férias.
Uma liberdade que desejamos de novo ter mas que dificilmente irá voltar e que deixa uma enorme nostalgia quando penso no Verão!
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